MP denuncia os três PMs presos pelo assassinato de jovem após abordagem

Eles vão responder por homicídio triplamente qualificado, meio cruel e motivo fútil

Por João Pedro Lamas, g1 RS

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) denunciou, nesta segunda-feira (5), os três policiais militares que estão presos por serem suspeitos de envolvimento no assassinato de Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos. O jovem desapareceu após uma abordagem em São Gabriel, na Fronteira Oeste, no dia 12 de agosto.

Conforme o MP-RS, os soldados Cleber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso, além do sargento Arleu Junior Cardoso Jacobsen, foram denunciados por homicídio triplamente qualificado (meio cruel, motivo fútil e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima); ocultação de cadáver e falsidade ideológica.

A promotora de Justiça Lisiane Veríssimo da Fonseca disse que o homicídio foi cometido por meio cruel e motivo fútil devido à forma e motivo da abordagem policial, já que Gabriel teria sido agredido, e recurso que dificultou a defesa da vítima, pois ele foi levado na viatura dos policiais até o interior do município, local onde foi encontrado morto.

“Na Justiça comum, tramita somente o crime de homicídio triplamente qualificado. As provas indicam a participação somente desses três”, afirma a promotora Lisiane.

Já na esfera militar, o promotor Diego Barros disse que “ficou clara a prática de dos crimes de ocultação de cadáver e falsidade ideológica”.

“Ocultação de cadáver, pois o corpo foi descartado em um açude. Falsidade ideológica, pois, em um primeiro momento, os policiais realizaram um boletim de ocorrência visando ocultar o que havia anteriormente ocorrido, falseando com a verdade e fazendo constar em documento público uma situação que não correspondia com a verdade”, afirma Barros.

Troca de mensagens entre os policiais militares mostram que eles conduziram Gabriel de viatura até a localidade onde ele foi encontrado morto – versão que havia sido negada pela Brigada Militar (BM) inicialmente. Além disso, que tinham deixado Gabriel no local, o que contraria o registro policial que havia sido feito na delegacia de polícia.

Se a Justiça aceitar a denúncia do MP-RS, os três policiais passam a ser acusados formalmente pelos crimes e se tornam réus no processo, ou seja, começam a ser, efetivamente, julgados.

Saiba mais/Entenda

Gabriel desapareceu no dia 12 de agosto, em São Gabriel, após ser abordado por três policiais militares na Avenida 7 de Setembro. Uma vizinha da casa em que ele estava hospedado, que pertence a um tio, chamou a polícia porque, segundo ela, o jovem estaria forçando o portão que dá para o pátio em frente ao imóvel. O corpo de Gabriel foi localizado no dia 19 de agosto, uma semana depois do desaparecimento. Ele estava submerso em um açude na localidade.

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