Uma programação diferente marcou a tarde de domingo no Parque João Borges

       “O bodoque dos piás”. Esse era o primeiro brinquedo/instrumento de qualquer guri, e por vezes também das gurias, nas propriedades e estâncias do Rio Grande. A gurizada brincava de caçar de bodoque. E na maioria das vezes era uma boa caçada. E havia meninas com melhor pontaria e habilidade inclusive.

       Naqueles tempos, havia 30 ou 40 anos atrás, por exemplo, a fartura de espécies de pombos rasteiros, juritís, marrecas e saracuras pelos capões, matas e banhados, permitia que houvesse a caça, transformada em alimentos e mesmo fosse o bodoque, utilizado para espantar os chupins do arrozal cacheado e amadurecendo, serviço da gurizada enquanto os maiores cuidavam dos demais afazeres da lavoura.  

       A gurizada saia de casa nos sábados a tarde e domingos, (não havia aula), com uma sacolinha de pedras ligeiramente arredondadas, catadas a beira da estrada, na beira da água da sanga onde era trazidas pela enxurrada, ou mesmo bolinhas (bolitas) feitas de barro/liga, desses de banhados, utilizados pelas olarias que eram confeccionadas a mão, arredondadas e alisadas assim, colocadas para secar a sombra e após utilizadas como munição especial para a caçada.

Bolas de gude (vidro) era munição de luxo, pouco usada, pois além do bodoque havia as canchas de bolitas e essas eram as preferidas: A “jogs” (bolita maior) usada para atacar e a “trocs”, quando se estava na linha de tiro para “morrer” e o matador ficava com o que havia no “gude”.

       Os guris e gurias melhores de pontaria, usavam sempre a munição melhor. Quem tinha menos habilidade com o bodoque, não importava, estava junto, mas utilizava munição mais comum.  

       São apenas algumas das histórias lembradas nas conversas desta tarde no parque de Eventos de Horizontina, em um “Torneio de Bodoque”, organizado pelo CTG Carreteiros de Horizonte, apoiado pelo Município através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Rádio Vera Cruz, e patrocinado pelo Sicredi Noroeste RS. O evento teve ação solidária, uma vez que cada competidor, ao fazer sua inscrição, doava uma caixa de leite e essas doações repassadas a ABOCH – Administradora do Hospital Comunitário Oswaldo Cruz.

       Pessoas de todas as idades meninos e meninas da nova geração, acompanhados de pais e avós, por vezes emocionados com a brincadeira retomada. E não faltaram sugestões. Um torneio de bolitas, uma corrida de carretos a chão descer… tirando um pouco o foco da tecnologia para as brincadeiras do tempo dos pais, dos avós…

       No alvo dos competidores e competidoras deste domingo, nenhum pássaro ou outro ser vivo. Alvos eram latas de bebidas vazias e a munição (bolitas) esferas de vidro. E uma enorme variedade de bodoques. Um mais lindo que o outro.

       Competidores divididos em quatro categorias. Medalhas para todos os participantes e prêmio para os dois primeiros colocados em cada categoria, que foram sendo conhecidos no final da tarde após todas as rodadas eliminatórias disputadas.

• 06 – 10 anos;

-1º lugar João Dallarosa

-2º lugar Eduardo Manteufel -3º lugar Pedro Gonçalves

• 11 – 15 anos;

-1º Lugar Erick Robe

-2º lugar Daniel Griger

• 16 – 21 anos;

Rafaela Zwan da Silva

• e  22 – 100 anos;

-1º lugar Charles Henke

-2º lugar Claudiomiro Campos

-3º Lugar Claudinei Porsch

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