Como a soja se tornou uma potência agroeconômica mundial

Experiência sensorial com os grãos de soja na exposição de longa duração do MEA – Memorial da Evolução Agrícola. Crédito: Betina Cesa / MEA.

Você sabia que a soja surgiu no Oriente? Pois é, o grão, que hoje é uma das principais forças da balança comercial brasileira, tem sua origem do outro lado do mundo. 

Esse componente milenar da alimentação humana e insumo relevante para a nutrição animal é protagonista no atual cenário agrícola mundial, sendo uma das principais commodities do mundo há três décadas. Mas como a soja se tornou essa potência agroeconômica? 

Importância alimentar e industrial

Se você come carne de frango, suína ou bovina, por exemplo, indiretamente, está comendo soja também. O grão é a base da alimentação de diversos animais que produzem proteína na forma de carne, bem como de leite, ovos e outros subprodutos de origem animal. No Brasil, a soja é responsável por cerca de 70% da composição de rações para animais destinados a essas produções. Mundialmente, é a principal fonte de proteína barata e disponível em grande volume. 

Além disso, o cereal é utilizado na produção de diversos outros alimentos, como barras de cereais, maionese, sorvetes, achocolatados, temperos, leite, sucos, óleo de cozinha, que são consumidos em diversas nacionalidades. Por isso ela é tão importante para a alimentação. A soja também contribui nas indústrias de cosméticos, medicamentos, combustíveis e tintas, para citar apenas alguns usos. Ou seja, a soja faz parte da nossa vida.

Diversos alimentos são produzidos a partir da soja, como queijo e leite. Crédito: Adobe Stock.

Essa abrangência aumentou gradativamente na história do seu cultivo comercial, conforme ela foi conquistando novos territórios, com destaque para os Estados Unidos, primeiro país da América a cultivá-la e que se tornaria um importante agente na produção de conhecimento e inovação sobre o grão. 

No Brasil, esse cenário diversificado de consumo e consolidação da soja como potência agroeconômica teve início na alimentação dos animais de criação, passando pela alimentação das famílias e fabricação de óleo, ganhando cultivo em escala na década de 1960. Nessa época, o País buscava ampliar a produção pecuária, especialmente de suínos e aves, fator que ampliou a demanda por farelo de soja. 

Pesquisa e tecnologia

Mas foi na década de 1970 que a sojicultura brasileira passou pela sua maior transformação, registrando um salto de área plantada, produção e produtividade. Além da demanda para alimentação, o preço da soja foi amplamente valorizado no mercado mundial, estimulando o cultivo.

A criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 1973, seguida da criação da Unidade Embrapa Soja, em 1975, ocupa um lugar central nessa virada histórica da sojicultura no Brasil. A geração de produtos tecnológicos impactou a cultura da soja. As pesquisas proporcionaram descobertas capazes de superar condições ambientais, favorecendo a sua expansão para além das fronteiras da região Sul.

Impulsionada por conhecimento e inovação, a soja brasileira entrou no século 21 desbancando grandes concorrentes e assumindo uma liderança promissora no mercado global. Na safra 2023/2024, o setor agrícola nacional foi responsável por 37% da produção mundial. Os resultados dos últimos anos demonstram a potência da soja no agronegócio global e a consolidação do Brasil como maior produtor do grão, seguido por Estados Unidos e Argentina. 

Um século de expansão 

Aspectos centrais do desenvolvimento da soja, da agricultura de subsistência à agricultura empresarial, são representados no MEA – Memorial da Evolução Agrícola, em Horizontina/RS, no Noroeste do Rio Grande do Sul. A região, que registrou os primeiros sucessos no cultivo dessa oleaginosa em território nacional e as iniciativas que despontaram a evolução da mecanização agrícola no País, em 2024, celebra os 100 anos da soja comercial no Brasil. Uma história de pioneirismo, investimento, pesquisa e tecnologia que faz da soja brasileira hoje uma potência global econômica e alimentar. 

Sobre o MEA 

MEA – Memorial da Evolução Agrícola é um complexo de arte, cultura, educação, meio ambiente, esporte e lazer. De forma tecnológica e imersiva, o Memorial conta a história da agricultura no País através de uma perspectiva humanizada, com o objetivo de provocar, trocar e produzir conhecimento em prol da sociedade e da diversidade cultural brasileira. 

Além do espaço da exposição de longa duração e das oficinas culturais, o complexo conta com quadras esportivas, academia a céu aberto, salas multiuso, playground, loja, espaço para feira ao ar livre, unidade do Senai e Centro de Inovação John Deere Brasil, tornando-se um ambiente de convivência, cultura e educação. 

Idealizado pelo Instituto John Deere e viabilizado pelo Programa Nacional de Apoio a Cultura, do Ministério da Cultura, o MEA tem entre seus patrocinadores empresas como John Deere Brasil e SLC Agrícola. O apoio é da FAHOR – Faculdade de Horizontina e da Prefeitura Municipal de Horizontina. O projeto de arquitetura do complexo foi desenvolvido pela Liberali Arquitetura e o projeto museográfico é assinado pela Straub Design.

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