Agroflorestas: capazes de promover produtividade, rentabilidade e sustentabilidade nas terras agrícolas

Bióloga Jéssica Medeiros, associada da Unitec, destaca que as
agroflorestas combinam práticas de restauração ambiental com a produção de
alimentos, promovendo uma agricultura mais sustentável que beneficia tanto o
meio ambiente quanto as comunidades locais

As agroflorestas são sistemas agrícolas que combinam árvores, cultivos
agrícolas e, às vezes, animais em uma mesma área. Esses sistemas são
projetados para assemelhar-se a estrutura e a função de ecossistemas
naturais, aumentando, assim, a diversidade e a produtividade do solo, fazendo
um sistema sustentável e cíclico.
A explicação é da bióloga Jéssica Medeiros, associada da Unitec. Ela
destaca que as agroflorestas funcionam promovendo interações positivas entre
os diferentes componentes, como as árvores, que fornecem sombra, proteção
contra erosão e habitat para animais, enquanto os cultivos agrícolas podem
fornecer alimentos e renda. “Em um pequeno espaço, é possível produzir
madeira, alimento, plantas medicinais, dentre outros, tudo junto, assim como na
floresta.”
Ao contrário das monoculturas convencionais, como soja, trigo e milho,
em que apenas uma espécie é cultivada em grande escala, as agroflorestas
cultivam uma variedade de plantas, muitas vezes incluindo árvores
madeireiras, frutíferas, ervas, vegetais e arbustos.
“Essa diversidade pode trazer uma série de benefícios, como maior
resistência a pragas e doenças, uso mais eficiente dos recursos naturais e
melhoria na retenção de água e solo e uma fonte mais estável de alimentos e
renda ao longo do tempo”, acrescenta Jéssica.
Segundo a profissional, as agroflorestas têm recebido atenção especial
por sua capacidade única de promover a produtividade, a rentabilidade e a
sustentabilidade nas terras agrícolas. “Em resumo, as agroflorestas combinam
práticas de restauração ambiental com a produção de alimentos, promovendo,
assim, uma agricultura mais sustentável que beneficia tanto o meio ambiente
quanto as comunidades locais.”

Ela segue, enfatizando que “produzimos mais na agrofloresta, pois
apostamos na sucessão ecológica e na estratificação, ou seja, teremos
produção durante todo o ano, e utilizamos todos os espaços verticais e
horizontais. Na agrofloresta não é necessário o uso de agrotóxicos, pois o
sistema como um todo se mantém saudável: o solo é próspero e rico em
nutrientes, e as diferentes espécies interagem de maneira colaborativa. Em
muitas situações, a irrigação nem é necessária, pois a matéria orgânica
presente no solo retém umidade suficiente para sustentar o sistema apenas
com a chuva. Quanto mais plantas são cultivadas e colhidas, melhor o solo se
torna. Isso resulta em mais vida e diversidade. Com isso, é possível aumentar
a produtividade, reduzir os custos com e irrigação e diminuir insumos.”

Jéssica Medeiros – UNITEC

Benefícios dos sistemas integrados
Jéssica destaca que estes sistemas integrados oferecem uma série de
benefícios, os quais tornam a agricultura mais sustentável, incluindo o estímulo
à diversidade biológica: as agroflorestas estabelecem um ambiente rico em
diversidade e resistência, proporcionando condições ideais para uma ampla
variedade de plantas e animais. Essa maior diversidade não apenas promove a
saúde do ecossistema local, mas também desempenha um papel crucial na
conservação das espécies nativas e na atração de polinizadores.
Eles também promovem a diversidade de culturas: ao plantar uma
variedade de árvores, arbustos e cultivos agrícolas em uma mesma área, as
agroflorestas aumentam a diversidade de produtos que podem ser colhidos em
diferentes épocas do ano. Isso não só proporciona uma fonte mais estável de
alimentos e renda ao longo do tempo, mas também reduz os riscos associados
à dependência de uma única cultura.
Ainda, a melhoria da qualidade do solo: as árvores em agroflorestas
ajudam a melhorar a estrutura do solo, aumentando sua fertilidade e
capacidade de retenção de água, além disso promovem uma vida microbiana
saudável, levando a solos mais férteis e úmidos. Isso reduz a erosão do solo e
a necessidade de fertilizantes químicos, tornando o sistema mais sustentável a
longo prazo.

Ela também destaca o enfrentamento das mudanças climáticas: as
agroflorestas desempenham um papel significativo no sequestro de carbono, o
que desempenha um papel crucial no combate às mudanças climáticas. As
árvores e plantas absorvem gás carbônico da atmosfera, contribuindo para a
redução do efeito estufa. Além disso, as práticas agroflorestais sustentáveis
reduzem a dependência de fertilizantes químicos, o que por sua vez diminui as
emissões de gases de efeito estufa.
E, por fim, Jéssica lista os benefícios econômicos: a variedade de
produtos provenientes dos sistemas agroflorestais pode criar diversas fontes de
renda. Desde frutas até madeira, até ervas medicinais e plantas ornamentais,
as agroflorestas oferecem uma variedade extensa de oportunidades de
mercado. Além disso, a maior resistência desses sistemas pode resultar em
uma renda mais estável e ecologicamente viável para os agricultores.

Agroflorestas em pequenos espaços
A bióloga explica que é possível aplicar as agroflorestas em pequenos
espaços e até mesmo replicar as técnicas agroflorestais em vasos. Por
exemplo, em um vaso de dez litros podem ser combinadas as espécies de
cenoura e alface.
Segundo ela, as combinações de plantas para agroflorestas podem
variar dependendo das condições locais, preferências do agricultor e objetivos
específicos do sistema agroflorestal.
No entanto, algumas combinações comuns incluem árvores frutíferas,
como mangueira, laranjeira, bananeira em conjunto com culturas anuais, como
milho, feijão ou abóbora; e árvores madeireiras, como mogno (Swietenia
macrophylla) ou eucalipto (Eucalyptus globulus), com plantas perenes como
açafrão, abacateiro e bananeira.
Também árvores fixadoras de nitrogênio, como acácia (Acacia mangium
e Acacia auriculiformis) com culturas alimentares como batata ou milho; e
árvores para madeira de lei como pau-brasil (Paubrasilia enchinata) e ipê
(Tabebuia e Handroanthus) com plantas medicinais como camomila e erva-
cidreira.
“As agroflorestas são frequentemente usadas em projetos de
recuperação de áreas degradadas, como antigas áreas de mineração ou

pastagens abandonadas. Elas ajudam a restaurar a saúde do solo e da
vegetação, transformando áreas improdutivas em ecossistemas produtivos e
diversificados”, finaliza.
Jéssica reside em Santo Ângelo e é mestranda em Ambiente e
Tecnologias Sustentáveis, especialista em Auditoria e Perícia Ambiental e
estudante de Pedagogia. Associada da Unitec há dois anos, atualmente é
responsável técnica de projetos na área rural e urbana e atua como instrutora
do Senar-RS nos cursos Educação Ambiental; Plantas Medicinais,
Condimentares e Aromáticas; Saneamento Rural Básico e Reflorestamento, e
na palestra de Educação Ambiental.

Texto: Assessoria de comunicação Unitec

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