Com performances, teatro, projeção, degustação de produção orgânica e arte circense, evento uniu famílias em noite de cultura e educação ambiental.
A última sexta-feira (26), trouxe uma nova fase para cena cultural do Noroeste do Rio Grande do Sul. Com a Noite no MEA, as famílias foram convidadas a explorar o ambiente do Memorial após o sol se pôr. Artistas performáticos, palhaços, bonecos, biólogos e observadores de pássaros foram alguns dos personagens que tomaram a noite diferente e instigante.
“A Noite no MEA é um evento que contará com diversas edições durante o ano. Tem caráter educativo, cultural e socioambiental, promovendo lazer, aprendizado e experiências diferenciadas”, explicou Carla Borba, coordenadora do Educativo, Cultural e Socioambiental do MEA.
Ela destaca que a programação foi pensada de forma coletiva, para que todas as atividades trouxessem uma reflexão para o público sobre o foco da noite, uma vez que 26 de janeiro é o Dia Internacional da Educação Ambiental, data instituída na década de 1970 pelas Nações Unidas para fomentar uma maior conscientização sobre a preservação e a sustentabilidade ambiental e social.
Uma programação para refletir
O sol ainda estava no horizonte quando as primeiras famílias chegavam para o evento. Tudo era inédito: a visitação após o horário de expediente, a programação e a forma de circulação pelo espaço.
Um dos primeiros contatos de quem chegava ao Memorial era a performance “O corpo d’água”, elaborada por Daiana Hartmann, que atua no eixo Poéticas Contemporâneas do MEA, e apresentada pela artista horizontinense Natalia Strapasson. A apresentação buscou representar, por meio do figurino e dos movimentos corporais da jovem artista, as águas, provocando o público a pensar em como usamos esse importante recurso.
Outro artista local, Will Dance, trouxe para a Noite no MEA uma vertente mais urbana e contemporânea de dança. Com uma roupa toda produzida a partir de reciclagem de tecidos – um tema bastante importante atualmente – ele buscou instigar sobre os diferentes usos e reusos dos materiais.
Já o grupo teatral A Turma do Dionísio, de Santo Ângelo, trouxe uma apresentação sobre lendas indígenas. O espetáculo, de atores e bonecos (feitos com materiais da cultura indígena, como taquara e porongo), lotou o ateliê educativo e buscou ressaltar a importância da cultura dos povos originários e da relação deles com a natureza.
Uma noite de experimentações
Além das atividades reflexivas, quem esteve no MEA também pôde experienciar de forma mais prática uma série de atividades. A Cia Circense Burzun, lembrou que o circo é uma expressão ligada ao reaproveitamento e propôs que adultos e crianças se divertissem com malabares oriundos de materiais recicláveis.
O paladar também foi acionado. A Escola Semente da Paz trouxe à Cozinha Experimental delícias da culinária local baseada na tradição Ayurveda, cujo objetivo é promover o equilíbrio e a nutrição do corpo por meio de uma alimentação feita com ingredientes naturais. No cardápio para degustação, bolos de ora-pró-nóbis e castanha com melado chamavam a atenção do público.
Na área externa, o projeto Dispersar apresentava aos visitantes as diferentes aves da região da fronteira noroeste do Rio Grande do Sul. As crianças corriam pelo gramado, brincavam e se revesavam para fazer a observação na luneta disposta em frente ao letreiro do Memorial e nos binóculos trazidos pelo grupo de pesquisadores. Ao lado, uma projeção mostrava diversas espécies registradas em vídeo pelos membros do projeto.
“Para nós é uma experiência única estar aqui, pois é muito importante mostrar a nossa biodiversidade regional e conscientizar as pessoas. Trazer o nosso trabalho para cá é uma forma de fazer conservação e preservação ambiental”, pontuou Gabriel Brutti, biólogo, professor, fotógrafo e responsável pelo projeto.
Impressões
Muitas pessoas aproveitavam o espaço do Memorial para tirar fotos. Outras, conferiam atentas os detalhes da exposição. Crianças de várias idades percorriam tanto a área externa quanto a interna, e as quadras esportivas registraram intenso movimento.
Para as amigas Andréia Vogel, de 33 anos, e Karen Campos, de 37, o MEA é o ponto de encontro que faltava na região. “Foi muito bacana abrir à noite, principalmente pelas atrações. Sentíamos falta de termos um espaço que unisse tantas expressões artísticas e também onde pudéssemos encontrar as pessoas”, comentou Andréia.
Já Fernanda Bohnert, de 46 anos, trouxe os filhos gêmeos Lucas e Isabele, de 9 anos para conhecer o espaço. “Eu já queria ter vindo, mas com a correria da rotina ainda não havia conseguido. Está tudo muito lindo, muito organizado, muito tecnológico. Para as crianças é ainda mais interessante, pois eles escutam o pai e o avô falarem dessa história, de como aconteceu a evolução da mecanização aqui em Horizontina, e agora estão podendo vivenciar tudo isso”, disse.
“Para nós, do Instituto John Deere, o MEA representa a face social e cultural necessária para o fortalecimento de práticas mais sustentáveis e de fomento à pesquisa. Pensar a evolução agrícola, é nos colocarmos diante do maior desafio contemporâneo, a vida humana no planeta. E “Noite no MEA” tem por propósito, trazer, a cada edição, abordagens relevantes aos temas globais”, pontua Karina Muniz Viana – Museóloga e Diretora do MEA.