Para encerrar com chave de ouro o ano de 2023, no dia 27 de dezembro, foi realizado na Câmara Municipal de Vereadores, o Ato de apresentação do novo visual de identificação do Plenário e Auditório Bruno Bohnen. Contando com a presença do Vereador proponente, Presidente Rafael Godoy (PDT) e demais vereadores, Alvaro Callegaro (PP), Aroldo Dewes (PTB), Ilson Pilz (PSB), Jorge Luis Ramos (PT), Márcio Fischer (PDT), vice-prefeita Zuleica Wehner (PTB).
Também estiveram presentes os familiares descendentes do homenageado Bruno Bohnen, o filho Sérgio Bohnen e sua esposa Maria Inês, juntamente com as filhas, filho e um dos genros do casal, Aline, Fabiola e esposo Sérgio Kelm, Carla, Henrique e Eliana, muito emocionados, tiveram o prazer de vivenciar este momento único.
Segundo Rafael Godoy, autor da proposta, este é um momento que se faz justiça com a História do município e do cidadão que hoje dá nome ao Auditório e Plenário da Casa Legislativa, Sr. Bruno Bohnen, que foi vereador e presidente da Câmara Municipal de 1960 a 1963, um cidadão vocacionado ao serviço comunitário que dedicou a vida à educação, foi professor, educador, líder cooperativista, empreendedor e no ano de 2023 foi o ano do centenário de seu nascimento, agora marcado com este reconhecimento.
Após os atos, a Câmara recebeu um documento elaborado pelo filho de Bruno Bohnen, Sr. Sérgio Bohnen, cujo conteúdo segue transcrito na íntegra abaixo:
Agradecimento especial
Prezados senhores
Ilustríssimos Vereadores
Excelentíssimos Prefeito e Vice-Prefeita de Horizontina
Membros da imprensa local
Querido povo deste município
Na condição de filho e herdeiro de Bruno Bohnen, viemos à público externar os nossos mais sinceros agradecimentos à todos aqueles que, de alguma forma, consentiram e reconheceram os feitos do nosso querido pai, avô e amigo, honrando-nos com júbilo e alcunhando o Parlamento Municipal com o seu nome.
Nosso muito obrigado ao Prefeito Jones Cunha e Vice-prefeita Zuleica Wehner, que desde o início apoiaram essa idéia, obrigado à todos os vereadores que aprovaram o projeto, principalmente aos vereadores Rafael Godoy (PDT), Márcio Fischer (PDT), Jorge Ramos (PT) e Aroldo Dewes (PTB), sendo Rafael Godoy o proponente e os outros subscritores, que, de pronto, aceitaram protocolar o nosso pedido. Um muito obrigado especial ao vereador e Presidente do Legislativo, Rafael Tiago Godoy, o verdadeiro condutor do processo, que teve a visão, a grandeza e a humildade de reconhecer a contribuição de Bruno Bohnen para a emancipação, educação e desenvolvimento do nosso município, baseado em documentos, fatos e relatos de pessoas da época, inclusive do seu pai, Edo Godoy, correligionário de Bruno.
Não podemos deixar de reconhecer e agradecer o apoio, acompanhamento e divulgação por parte da imprensa local, com destaque à Rádio Olinda, na voz e condução do competente locutor e apresentador, Paulo Roberto Staziaki.
Senhores, poderíamos discorrer horas sobre a vida e dedicação de Bruno Bohnen em prol da sociedade horizontinense, onde destacamos a educação, o cooperativismo e a política pública.
A sua dedicação e contribuição à educação teve início na década de 1940, iniciando as suas atividades na localidade de Bela Vista, interior do município. Mais tarde, por volta de 1950, instalou uma pequena escola em sua residência, prédio ainda hoje existente, em precárias condições, junto ao terreno onde funciona atualmente a Secretaria da Agricultura do município. Depois, fundou a Escola Padre Antonio Vieira, onde lecionou por algum tempo e então a deixou aos cuidados das religiosas, Irmãs Missionárias da Consolata, que a denominaram Escola Cristo Rei, cujo educandário é hoje pertencente ao município.
Com relação ao cooperativismo, Bruno foi sempre um entusiasta, pois entendia que a força da união, das decisões tomadas pela maioria, com bom senso e honestidade, são fundamentais para o desenvolvimento justo e igualitário de qualquer sociedade. Com esse espírito, ainda na década de 1950, foi fundador da Caixa Rural União Popular de Horizontina, sistema Raiffeisen, com origem na Alemanha em 1862, voltado ao cooperativismo de crédito rural. Posteriormente, a “Caixa do Bruno”, como era popularmente conhecida pelos munícipes, passou a chamar-se Cooperativa de Crédito Rural Horizontina Ltda, hoje integrante do sistema Sicredi. Por quatro décadas, Bruno gerenciou e administrou, com abnegação, essa pequena e importante cooperativa de crédito, visando o fomento das pequenas propriedades. A destinação do resultado financeiro da cooperativa, assim como a remuneração de dirigentes e funcionários, sempre foi decidido em assembléias promovidas na sede e interior do município.
Lembro bem que o nosso pai passava muitas noites e fins de semana dedicando-se à sustentação e continuidade da cooperativa, mantida com muita garra e dificuldade, devido a escassez de recursos e, principalmente, pela concorrência dos grandes bancos, estes protegidos e privilegiados pelas leis de um sistema capitalista voltado a empolgados lucros. Infelizmente, seu esforço, sua dedicação e labuta pela manutenção e crescimento do cooperativismo, passam praticamente despercebidos aos olhos de atuais dirigentes e detentores do sistema, ignorando que a sua história e luta foram fundamentais para alcançar os atuais patamares.
No campo político, Bruno Bohnen atuou inicialmente como integrante da Comissão Emancipatória de Horizontina. Participou da fundação do Partido Trabalhista Brasileiro, do antigo e verdadeiro PTB, capitaneado pelo saudoso Leonel Brizola, expoente do trabalhismo e educação em nosso estado. Bruno foi vereador não remunerado por duas legislaturas, chegando à presidência da casa, e ocasionalmente substituindo o titular do executivo, quando, entre outras decisões que então lhe eram atribuidas, sancionou a aquisição do terreno onde hoje se encontra a Prefeitura Municipal, assim como o imóvel do atual Estádio Municipal Wilson Nascimento.
Mais tarde, a partir de 1964, quando ocorreu o funesto golpe militar, cujo regime de exceção extinguiu todos partidos políticos existentes, filiou-se ao MDB, partido este, mesmo sob a constante vigilância do regime repressivo, opunha-se aos seus ditames. Bruno sempre lutou por justiça e igualdade, e jamais compactuou com a sórdida ditadura militar. Seus ensinamentos sugeriam respeito à vontade da maioria, verdadeiro sentido da democracia. Embora tenha sofrido perseguições políticas e discordado de atitudes anti-democráticas de autoridades não escolhidas livremente e sim designadas e coniventes com o sórdido sistema repressivo da época, nunca incentivou o revanchismo, pois sua filosofia de vida rezava fraternidade e perdão.
Também defendia que a Bandeira Nacional, símbolo Augusto da Paz, representa todos brasileiros, independente de cor, raça, credo ou condição social e, com certeza, ficaria consternado e profundamente indignado ao constatar que alguém, ou parte da sociedade, ostentasse o pendão verde e amarelo, de forma prepotente, sugerindo ele representar um determinado partido ou uma ideologia facista, destiladora de ódio, anti-democrática e supressora dos direitos dos trabalhadores e dos menos favorecidos.
É preciso lembrar, para fazer justiça, que em todos esses momentos esteve ao seu lado, na alegria e nas dificuldades, a sua fiel esposa, nossa querida mãe, Sílvia Grings Bohnen.
Finalizando, queremos mais uma vez, em nome da família Bruno Bohnen, agradecer à todos envolvidos no processo de nomeação do Legislativo Municipal, que doravante carrega o seu nome, à toda sociedade que apoiou o feito, com destaque ao empenho de Rafael Godoy. Desejamos que os atuais e futuros membros da casa honrem o cargo que lhes foi conferido pelo povo, com decisões justas e que reflitam a vontade e as necessidades de todos horizontinenses.
Horizontina, 27 de dezembro de 2023.
Um fraternal abraço,
Sérgio Bohnen
